Autoeuropa pressionada a valorizar mais a indústria nacional com chegada de novo elétrico

 

A associação que representa os componentes nacionais de automóveis diz que gostaria que a Autoeuropa, que vai produzir o novo ID. EVERY1 da Volkswagen, usasse mais a indústria nacional.


Para o presidente da Associação de Fabricantes para a Indústria Automóvel (AFIA), que representa o setor dos componentes automóveis, esta é uma notícia positivapara a indústria automóvel portuguesa e para a economia, mas José Couto apela a que a Autoeuropa privilegie os componentes nacionais, que têm um “fraco contributo” para a produção atual da fábrica.

Gostaríamos que a Autoeuropa usasse mais a indústria nacional de componentes. Se houver um contributo do orçamento nacional para este aumento de atividade da Volkswagen [em Portugal], não deve deixar de ser posto em cima da mesa que a indústria nacional de componentes deve ser valorizada“, defendeu José Couto, em declarações ao ECO.

O presidente da associação do setor de componentes reconhece que o facto de vir para Portugal o novo modelo da multinacional alemã é “positivo” para a indústria automóvel portuguesa e para a economia do país, para as exportações e para o emprego.

Para José Couto, “o Estado deve pôr em cima da mesa desta negociação sobre esta unidade o abastecimento na indústria nacional“, destacando que os componentes nacionais têm “um fraco contributo” para a produção na Autoeuropa.

A indústria nacional de componentes também abastece a Volkswagen noutras partes do mundo, por isso também está em condições de fornecer e favorecer a competitividade da Autoeuropa.

José Couto

Presidente da AFIA

“A Autoeuropa devia ter em conta o princípio de ter a indústria nacional de componentes em Portugal”, reforça, lembrando que “a indústria nacional de componentes também abastece a Volkswagen noutras partes do mundo, por isso também está em condições de fornecer e favorecer a competitividade da Autoeuropa“, remata.

A confirmação oficial da escolha de Portugal para receber o novo elétrico low cost da Volkswagen foi feita em comunicado esta terça-feira, com o CEO Thomas Hegel Gunther a agradecer “o apoio do Governo de Portugal” por ter proporcionado à empresa “as melhores condições para atrair este novo projeto para o país”. O gestor não concretiza, no entanto, que condições concretas foram proporcionadas pelo Governo português para a captação do novo modelo elétrico do grupo para o país.

Noutro comunicado, o Ministério da Economia congratulou-se com o anúncio da empresa alemã, porque “assegura o futuro” da fábrica portuguesa, campeã das exportações nacionais e que valeu 1,3% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional em 2023. A escolha da Autoeuropa deverá também “atrair novos fornecedores” da Volkswagen para Portugal, espera o gabinete do ministro Pedro Reis, bem como novos players no cluster automóvel de veículos elétricos.

“De uma assentada, a economia portuguesa conquista a garantia de produção de um novo veículo elétrico, que assegura o futuro da unidade de Setúbal de uma fábrica de nova geração da Volkswagen, e de uma enorme cadeia de valor de fornecedores nacionais, por muitos anos”, diz o ministro da Economia, Pedro Reis.

Caso o aumento da produção na Autoeuropa se reflita numa maior procura pelos componentes nacionais, isto pode ser uma boa notícia para o setor que, no ano passado, viu as suas exportações caíram 4,5% para 11.785 milhões de euros. “As expectativas para 2025 são, no melhor caso, para igualar o valor do ano passado“, refere José Couto.

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